O que mais me entristece no atual debate entre os presidenciáveis é a ausência de um discurso voltado para a Educação Básica. O candidato José Serra foi incapaz de melhorar os indicadores da educação paulista (vejam o artigo “Nós, paulistas, precisamos estudar mais Matemática!”). E Dilma, sob a tutela de Lula, não conseguiu esboçar boas perspectivas para a área.
Lula criou o PROUNI e implantou o REUNI nas universidades federais, assim como, aprimorou o antigo provão (atual ENADE). Ou seja, o MEC atuou majoritariamente sobre questões relacionadas ao Ensino Superior. Dessa forma, é possível afirmar que no Brasil as políticas públicas para a Educação são sempre feitas de cima para baixo.
Qual o motivo para os investimentos serem feitos de cima para baixo?
O Ensino Básico é mais complexo que o Ensino Superior em tamanho e em função social. Além disso, é muito mais fácil visualizar os produtos finais do investimento no Ensino Superior (em termos de profissionais colocados no mercado, pesquisa e desenvolvimento, etc.).
O tamanho do Ensino Básico (em termos de unidades escolares, alunos, professores, etc.) é um dos principais motivos para a negligência política. Na história, poucos secretários de educação conseguiram impor medidas educacionais que surtiram efeitos positivos em toda rede de ensino. Geralmente, o Poder Público comporta-se como um defensor da autorregulação na Educação. Ele acredita que os agentes (supervisores, diretores, professores, pais e alunos) são capazes de resolver todos os problemas existentes dentro da rede de ensino. Atualmente, vivemos sob o risco de um iminente “apagão” de professores de Física, Matemática e Química (vejam o artigo “A Agonia da Licenciatura”). Contudo, não há a elaboração de um plano para impedir que isso aconteça.
Todos nós sabemos que a intervenção do Poder Público na formulação de políticas públicas para Educação é imprescindível para a sobrevivência e evolução do sistema como um todo. Porém, os políticos estão mais interessados em ver os resultados diretos de seus esforços (número de vagas em universidades, número de bolsas de estudo, número de formados e número de publicação de artigos científicos). Se esse esforço dado ao Ensino Superior também fosse dado ao Ensino Básico, nós já teríamos superado diversos problemas. Infelizmente, tais políticos desconhecem os ganhos sociais incalculáveis (bons hábitos de alimentação e higiene; redução do uso indiscriminado de drogas; redução das taxas de violência; aumento da expectativa de vida; maior nível de produtividade da população economicamente ativa; maior respeito aos direitos humanos; etc.) que seriam obtidos com maiores investimentos na base da pirâmide educacional.
Fonte: http://embuscadoconhecimento.wordpress.com/
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