quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Bons professores e boas escolas





Qualificação e envolvimento dos professores, atividades extra-curriculares, infra-estrutura com laboratórios e a busca por uma formação humanizada que não prepare só para o vestibular são os segredos dos colégios particulares cujos alunos tiveram as notas mais altas no Exame Nacional de Ensino Médio (Enem), divulgadas na semana passada pelo Ministério da Educação (MEC).

Em São Paulo, no Colégio Vértice, cujos alunos foram os campeões na cidade e pagam R$ 1.900 de mensalidade, há 18 professores para o ensino médio e só três não trabalham exclusivamente na escola. "Aqui o professor não ganha por horas-aula. Ele dá a aula, mas também prepara projetos, tira dúvidas dos alunos", diz o diretor Victor Koloszuk.

No Colégio Bandeirantes, segundo colocado, as mensalidades custam R$ 1.428 e há professores que ganham até R$ 14 mil. Todos são incentivados a participar de congressos, recebem orientação para lidar com adolescentes e ganham ano sabático para pós-graduação.

A qualificação dos 30 professores também é destaque no Colégio Equipe, o melhor colocado no Recife. Cerca de 15% deles já são titulados e os demais estão cursando ou já terminaram especializações.

No Dom Barreto, de Teresina (PI), os 350 funcionários, do porteiro ao professor, passam constantemente por cursos de reciclagem. "No ano passado conseguimos que nove professores fizessem mestrado", afirma, com orgulho, Marcílio Rangel, diretor do Dom Barreto.

"Grande parte do sucesso se deve a uma equipe bem preparada, atualizada, bem informada e metodologicamente afinada", sintetiza o diretor Francisco Morales, do Colégio Santo Agostinho, de Belo Horizonte, mais bem colocado no ranking mineiro.

Os colégios cujos alunos obtiveram os melhores resultados também enfatizam a preocupação em proporcionar uma formação completa ao estudante, que englobe mais do que uma simples preparação para o vestibular. "Acreditamos que um contato maior do estudante com o conhecimento e com atividades que desenvolvam suas habilidades pode ter excelentes resultados", explica Débora Cruz Guimarães, diretora do Colégio Anglo-Brasileiro, o mais bem colocado de Salvador.

Em turno único, das 7h45 às 15 horas, além das aulas tradicionais, os alunos participam de classes de culinária, robótica, laboratório de informática e designer gráfico, entre outros. Freqüentam uma biblioteca atualizada com jornais e revistas e discutem temas atuais com professores-tutores. "Fazemos auto-avaliações constantes e discutimos com os alunos o que está ocorrendo no Brasil e no mundo", diz.

O Equipe, do Recife, acrescentou ao currículo aulas sobre preservação ambiental e empreendedorismo. Já no Santo Agostinho, o enfoque é "basicamente humanístico", segundo seu diretor. "Fazer o Enem ou um vestibular não significa o fim de nada. É sempre o reinício de mais uma etapa", filosofa Morales, para dizer que o colégio estimula o aluno a ver os desafios de entrar na universidade com mais "leveza".

Quanto ao comportamento em sala de aula, as orientações das instituições são bastante diversificadas e mostram que não há regra única de conduta para se obter bons resultados. No Colégio de São Bento, no Rio, que teve as melhores notas no país, só são aceitos alunos do sexo masculino e um dos pontos fortes é "bater na disciplina", segundo o reitor dom Tadeu de Albuquerque Lopes. No paulistano Colégio Bandeirantes não há uniforme e o aluno pode sair quando quiser, os pais monitoram as faltas por computador.

Segundo dom Tadeu, os pais que investem cerca de R$ 950 nas mensalidades do colégio querem deixar para os filhos a educação como herança. "Se a escola é exigente e a família não ampara, nada acontece. Boa parte dos alunos aqui são filhos de ex-alunos e vêem motivados pela família", explica. Eles são estimulados a ficar em regime de semi-internato, obrigatório no último ano.

A disciplina também é reforçada no Vértice. Os estudantes não podem sair sem permissão nem entrar sem uniforme. "Ninguém joga papel no lixo sem pedir licença ao professor", conta o aluno André Rauber, de 18 anos.

O Enem, que teve os resultados divulgados por escola e município pela primeira vez, é elaborado conforme as novas diretrizes curriculares do ensino médio: não é dividido em disciplinas e testa habilidades e competências dos alunos. Ou seja, não há medição de conteúdo e sim verificação de boa interpretação de textos, relações e leitura de gráficos.

(O Estado de S. Paulo)

domingo, 27 de dezembro de 2009

Que professor somos nós?



Para começar devemos evitar generalizações. O Brasil é muito grande e tem diferenças locais e regionais que exigem qualificações diferentes. De que escolas estamos falando? Escolas da periferia das grandes cidades ou do centro de uma pequena de cidade do interior de algum estado qualquer ou do centro de uma cidade grande? Isto exige tempo disponível para estudar outros assuntos fora da disciplina que o professor ensina e certamente recursos econômicos para financiar estes estudos Muitos alunos aparecem doentes e reclamam na sala de aula de dor de barriga, dor de garganta e muitas vezes com febre ou tossiam sem parar. Apresentam dislexia, apresentam problemas de aprendizagem devido ao precário desenvolvimento de suas habilidades motoras, de sua capacidade de discriminar, selecionar, classificar e de raciocinar. Outros chegam à escola com tanta fome que mal conseguem prestar atenção à aula ou ainda apresentam sinais de terem sidos violentados. O professor sente falta de noções de direito, de noções de saúde pública, de noções de pediatria, de psicologia infantil e de adolescentes e de adultos, de pedagogia, de arte, de teatro e de música. Sente falta de noções de técnicas de relaxamento, de técnicas de dinâmicas de classe de técnicas de apresentação em público. Como manter uma classe de 45 alunos estudando quando eles chegam a escola contando os tiroteios da noite e o assassinato de alguém na rua onde moram? Como ensinar noções de comportamento e respeito quando eles são violentados em todos os seus direitos? Como ensinar MMC e MDC a quem tem fome, a quem acabou de ver sua mãe ser espancada, a quem vê seu pai ou sua mãe chegar bêbado toda noite e criar todo tipo de problemas na vizinhança?

Que professor somos nós? Somos mágicos, e fazedores de milagres para transformar uma realidade catastrófica em algo aceitável socialmente, capaz de permitir uma existência saudável de pessoas felizes. Um professor sozinho faz pouco. Mesmo assim, a maioria faz muito mais do que seria possível, através de esforços sobre humanos, de dedicação, de muitas horas extras de trabalho e preocupação. Este pouco que cada professor faz, nas condições precárias em que muitas vezes trabalha, vem formando as pessoas que vem construindo este país. Um país cheio de sonhos, de grande potencial, de pessoas muito criativas, muito talentosas, e muitas vezes muito inteligentes.

Um salário mínimo decente, mais empregos, melhores condições de trabalho, mais tempo pago para formação do professores e profissionais em geral, boas bibliotecas, e boa música no ar fariam uma enorme diferença.

Ainda vamos dar aulas com micros online para cada aluno. O professor apresenta seu conteúdo em PowerPoint e os alunos acompanham a aula.. e o Twitter, o e-mail e as notícias.

sábado, 19 de dezembro de 2009

O professor



De que adianta fazermos provas?
Para que avaliar o professor, se a pedra preciosa, chamado aluno, não recebeu polimento em casa?
O que nos falta, então? A nós professores falta nos deixarem trabalhar.

E se quisermos continuar fazendo comparações, podemos dizer que a pedra preciosa que são os estudantes já é preciosa ao sair de casa. Em nossas mãos deverá receber aquele polimento que a ajudará brilhar. Mas esse brilho já lhe é implícito pela educação trazida do lar. De onde vem esse brilho que nós podemos evidenciar? De algo que vem de casa: dos valores éticos e posturas morais, da educação aprendida no lar, do respeito a si e ao outro, dos limites e concessões estabelecidos pela família, da seriedade com que pais e mães tratam seus filhos. Não podemos transformar um pedregulho num diamante, mas podemos transformar um diamante numa jóia preciosa com valor incalculável. Nós só agregamos valores ao valor que nos é entregue.

Sendo assim, para resgatarmos a autoridade do professor, com a qual ele poderá melhor desempenhar sua função é fazer com que cada instituição cumpra o seu papel para que todos construamos uma sociedade mais habitável. Escola não é casa de correção, mas espaço de ensino. Se os responsáveis pelos delinqüentes fizessem seu trabalho de coibição e correção sobraria espaço, nas escolas e na ação do professor, para desenvolver melhor seu trabalho; se as famílias estabelecerem os limites do que pode e não pode em relação ao outro, o professor poderá exercer melhor seu papel de lapidador de jóias raras. Mas não é o que ocorre. Pelo fato de outras instituições não fazerem aquilo para o que existem, acabam jogando todas as responsabilidades para a escola. E quem leva a chicotada é o professor.
No seu dia a dia de trabalho, o professor não tem tempo suficiente para estudar e devido ao excesso de aulas em duas ou três escolas, mal prepara a sua aula, baseando a aula no nível dos alunos. E pelo excesso de aulas o professor está desatualizado, tanto no conteúdo especifico, quanto nas propostas curriculares entre outras leituras pedagógicas necessárias. Um exemplo vivenciado nas escolas, um professor por vários anos prefere e gosta de dar aulas para alunos do ensino fundamental, 6º ano (antiga 5ª série). Esse professor domina todo o conteúdo da série, mas está desatualizado em relação às séries superiores. Qual será o resultado na “prova” elaborada pelos “especialistas” em educação da escola pública? A 10 ou 15 anos atrás nunca precisou avaliar professores e os alunos tinham um bom aproveitamento e não era porque os professores estavam mais bem preparados, mas sim porque o sistema educacional tanto na escola como em casa era diferente. Evidentemente hoje a realidade é outra (liberdade de expressão, democracia, estatuto do menor e do adolescente, etc) porém, o professor não tem culpa.

Imagem de professor




Imagem de professor
Há algum tempo venho me digladiando com um inimigo que não é facilmente identificável. Cheguei a pensar que encarnava dom Quixote, fazendo carga contra moinhos de vento, como quem deseja vencer um dragão; e nem tinha um Sancho Pança para me fazer companhia.
Mas minha batalha não é quixotesca. O dragão existe... e é cruel. Só que não anda por aí devorando donzelas nem enfrentando príncipes encantados. Esse dragão é meio indefinido na sua caracterização, mas muito eficiente em sua ação... nociva ação. Não é transgênico nem mutante, mas manifesta-se de varias formas.

Estou me referindo ao dragão que há algum tempo vem matando a imagem do professor. Como isso se manifesta?

Respondo: nas políticas de desincentivo à carreira de professor; em políticas salariais que retiram não o poder de compra – que isso os trabalhadores já perderam, faz tempo – mas a possibilidade de aquisição de ingrediente inovadores como livros e cursos de atualização; em legislação que retira (pelo menos na interpretação feita por muitos) a autoridade do professor, dando superpoderes a outros; na agressão física, verbal e institucional que muitos colegas têm sofrido; na desvalorização generalizada desse personagem, sem o qual nenhum imbecil, tirano ou santo conseguiria chegar aos postos de comando: no mundo dos negócios, na política, na sociedade...

O fato é que me sentia sozinho nessa cruzada. Então comecei a ler com mais atenção as manifestações que ocorrem aqui e ali. Foi assim que há alguns dias meus olhos viram uma chamada em um artigo de opinião, assinado pelo sociólogo Marcelo Coelho, na revista Carta na Escola. Só o título já era desafiador: "O status do professor em colapso". E do ladinho a chamada: "Se autoritarismo e educação não combinam, não vejo como haver educação sem um mínimo de respeito à autoridade"

Para ilustrar sua opinião o sociólogo faz alguns comentários contra o autoritarismo, mas a favor da preservação da autoridade do professor e de sua pessoa, constantemente ameaçados. Diz que "não faltam exemplos – quem trabalha na rede pública ou na particular sabe melhor do que eu – de professores espancados e ameaçados de morte pelos alunos, quando não intimidados pelos pais de alunos ou pelos traficantes que dominam o local". Isso que ele fala é uma constante em ascensão não só nos grandes centros mas também aqui ao nosso redor. Se você é professor sabe do que estou falando; se não é, veja os noticiários ou procure ouvir o que professores andam falando e como andam falando de seus medos... A evidencia essa tendência de desrespeito que gera o medo oriundo de um histórico de agressões, manifesta-se de duas formas: no crescente abandono da profissão, por parte de profissionais já formados; e na diminuição da procura por cursos de licenciatura, por parte dos candidatos nos vestibulares.

É evidente que em nossa profissão, como em qualquer outra, existem profissionais medíocres. Entre os médicos quantos são os exemplos de falta de profissionalismo ou de ação mercenária. Tanto que se fez necessário uma legislação impedindo a omissão de assistência por falta de pagamento; entre os advogados os exemplos de ação de profissional mau caráter também podem ser enumerados; entre dentistas, entre os contabilistas, entre os políticos, então, os noticiários não dão descanso... por isso não vou dizer que não convivamos com péssimos exemplos de professores. Mas isso não significa que todos os professores são mercenários; da mesma forma que, por eu ter recebido péssimo atendimento de algum médico ou enganado por um advogado, posso sair por ai dizendo que todos são larápios.

O que nos falta, então? A nós professores falta nos deixarem trabalhar.

E se quisermos continuar fazendo comparações, podemos dizer que a pedra preciosa que são os estudantes já é preciosa ao sair de casa. Em nossas mãos deverá receber aquele polimento que a ajudará brilhar. Mas esse brilho já lhe é implícito pela educação trazida do lar. De onde vem esse brilho que nós podemos evidenciar? De algo que vem de casa: dos valores éticos e posturas morais, da educação aprendida no lar, do respeito a si e ao outro, dos limites e concessões estabelecidos pela família, da seriedade com que pais e mães tratam seus filhos. Não podemos transformar um pedregulho num diamante, mas podemos transformar um diamante numa jóia preciosa com valor incalculável. Nós só agregamos valores ao valor que nos é entregue.

Sendo assim, para resgatarmos a autoridade do professor, com a qual ele poderá melhor desempenhar sua função é fazer com que cada instituição cumpra o seu papel para que todos construamos uma sociedade mais habitável. Escola não é casa de correção, mas espaço de ensino. Se os responsáveis pelos delinqüentes fizessem seu trabalho de coibição e correção sobraria espaço, nas escolas e na ação do professor, para desenvolver melhor seu trabalho; se as famílias estabelecerem os limites do que pode e não pode em relação ao outro, o professor poderá exercer melhor seu papel de lapidador de jóias raras. Mas não é o que ocorre. Pelo fato de outras instituições não fazerem aquilo para o que existem, acabam jogando todas as responsabilidades para a escola. E quem leva a chicotada é o professor.

O dragão está solto. Mas não estou só, contra ele. Não sou um novo dom Quixote, nem um vingador solitário. Eu e meus colegas somos professores querendo fazer aquilo que sabemos melhor do que ninguém: ajudar nossos alunos a aprender.

Fonte.:Neri de Paula Carneiro – Mestre em Educação,Filósofo, Teólogo, Historiador

domingo, 13 de dezembro de 2009

Família



A família representa um grupo social primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e instituições. É um grupo de pessoas, ou um número de grupos domésticos ligados por descendência (demonstrada ou estipulada) a partir de um ancestral comum, matrimónio ou adoção. Nesse sentido o termo confunde-se com clã. Dentro de uma família existe sempre algum grau de parentesco. Membros de uma família costumam compartilhar do mesmo sobrenome, herdado dos ascendentes directos. A família é unida por múltiplos laços capazes de manter os membros moralmente, materialmente e reciprocamente durante uma vida e durante as gerações.

Podemos então, definir família como um conjunto invisível de exigências funcionais que organiza a interacção dos membros da mesma, considerando-a, igualmente, como um sistema, que opera através de padrões transaccionais. Assim, no interior da família, os indivíduos podem constituir subsistemas, podendo estes ser formados pela geração, sexo, interesse e/ ou função, havendo diferentes níveis de poder, e onde os comportamentos de um membro afetam e influenciam os outros membros. A família como unidade social, enfrenta uma série de tarefas de desenvolvimento, diferindo a nível dos parâmetros culturais, mas possuindo as mesmas raízes universais (MINUCHIN,1990).

A primeira e fundamental estrutura a favor da “ecologia humana”é a família, no seio da qual o homem recebe as primeiras e determinantes noções acerca da verdade e do bem, aprende o que significa amar e ser amado e, consequentemente, o que quer dizer, em concreto, ser uma pessoa. Pensa-se aqui na família fundada sobre o matrimônio, onde a doação recíproca de si mesmo, por parte do homem e da mulher, cria um ambiente vital onde a criança pode nascer e desenvolver as suas potencialidades, tornar-se consciente da sua dignidade e preparar-se para enfrentar o seu único e irrepetível destino. Muitas vezes dá-se o inverso; o homem é desencorajado de realizar as autênticas condições da geração humana, e aliciado a considerar a si próprio e à sua vida mais como um conjunto de sensações a ser experimentadas do que como uma obra a realizar. Daqui nasce uma carência de liberdade que o leva a renunciar ao compromisso de se ligar estavelmente com outra pessoa e de gerar filhos, ou que o induz a considerar estes últimos como uma de tantas “coisas”que é possível ter ou não ter, segundo os próprios gostos, e que entram em concorrência com outras possibilidades. É necessário voltar a considerar a família como o santuário da vida. De fato, ela é sagrada: é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser convenientemente acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta, e pode desenvolver-se segundo as exigên- cias de um crescimento humano autêntico. Contra a denominada cultura da morte, a família constitui a sede da cultura da vida. (Centesimus Annus, n. 39)

O dever de educar mergulha as raízes na vocação primordial dos cônjuges à participação na obra criadora de Deus: gerando no amor e por amor uma nova pessoa, que traz em si a vocação ao crescimento e ao desenvolvimento, os pais assumem por isso mesmo o dever de ajudar eficazmente a viver uma vida plenamente humana. Como recordou o Concílio Vaticano II: “Os pais, que transmitiram a vida aos filhos, têm uma gravíssima obrigação de educar a prole e, por isso, devem ser reconhecidos como os primeiros e principais educadores. Esta função educativa é de tanto peso que, onde não existir, dificilmente será suprida. Com efeito, é dever dos pais criar um ambiente de tal modo animado pelo amor, pela piedade para com Deus e para com os homens que favoreça a completa educação pessoal e social dos filhos. A família é, portanto, a primeira escola das virtudes sociais que todas as sociedades têm necessidade”(Gravissimum Educationis, n. 3). O direito-dever educativo dos pais qualifica-se como essencial, ligado como está com a transmissão da vida humana; como original e primário, em relação ao dever de educar dos outros, pela unicidade da relação de amor que subsiste entre padres e filhos; como insub- stituível e inalienável e, portanto, não delegável totalmente a outros ou por outros usurpável. (Familiaris Consortio, n. 36)

sábado, 5 de dezembro de 2009

Geometria




Comecei com o ângulo nulo
E continuei a aumentar.
Depois de passar por agudo,
Fiquei perpendicular.
Do obtuso fiz caso
Pois propus-me continuar.
Quando sobrevi o raso
Estava de pernas pr'o ar.
Assim não podia estar
Que me ofegava o respiro
Acabei por abraçar
O famoso ângulo de giro.
Mas que descontentamento.
Disse deveras irado.
Terminar sem fundamento
Onde tinha começado.
Dos ângulos não sou castiço
Nos trâmites da geometria
Fiquei farto e por isso
Tentei trigonometria.
Mandei vir os tais cossenos
E senos a acompanhar.
Fazer contas sem empenos,
Ver no que isto ia dar.
Do primeiro, o segundo
Queria determinar
Mas se bem que lá no fundo
Não sabia o que aplicar.
Procurei em toda a parte
Com afinco sem igual.
Encontrei com muita sorte
A fórmula fundamental.
Apressei-me a utilizar
A fórmula procurada
Só que tinha de operar
Com a raíz quadrada.
Para isto não dar torto,
Tentei algo diferente
Pus um em cima do outro
Acabei numa tangente.
Mas são muito complicados
Estes temas seculares,
Meti esforços orientados
Pr'os polígonos regulares.
Representei um triângulo
Com a astúcia de um galeno
Era todo acutângulo
E parecia escaleno.
Apesar de traço áptero
Que adreguei desenhar
De isósceles era equilátero
Para ser um regular.
Já a fúria me ardia
Pois não era para mim.
Larguei a geometria
Para regar o jardim.


Sérgio O. Marques

“Pulseira do sexo” alarma escolas



Um modismo inocente apenas à primeira vista se espalhou em escolas do ensino fundamental das grandes cidades do Brasil e está fazendo com que direções de colégios tomem atitudes de orientação. São as pulseiras finas, coloridas e de silicone, que começaram a aparecer nos braços de pré-adolescentes e adolescentes de duas semanas para cá.
Diferentemente das pulseiras da campanha contra o câncer, promovida pelo ciclista Lance Armstrong e que viraram fenômeno mundial há cinco anos, os novos adereços fazem parte de um jogo de conotação sexual. Cada cor representa um ato afetivo, ou sexual, que vai desde um abraço a relações sexuais completas. Em teoria, a pessoa que teve a pulseira arrebentada precisa cumprir o que comanda a cor. O jogo teve início na Inglaterra, conhecido como Snap e as pulseiras naquele país são chamadas de “shag bands” (“pulseiras do sexo”, em tradução livre).
Em São Paulo, a novidade é facilmente encontrada em banquinhas de camelôs. Cada conjunto com 20 pulseiras custa R$ 2,50 em média. Elas são chamadas pelos vendedores de “pulseira da malhação”. O nome pode ser referência à gíria para beijo, ou à novela dirigida para o público adolescente que faz sucesso com a garotada. Mas também são conhecidas como “pulseira do sexo” e “pulseira da amizade”.

Novidade
As pulseiras começaram a aparecer há dez dias, nos braços de estudantes a partir de 10 anos de idade até de adolescentes de 15 anos.
Pais e professores precisam orientar as crianças e adolescentes para esse fato e “se alguém tiver de proibir, tem de ser os pais”, Enquanto isso, os professores orientam os poucos alunos que foram vistos usando as pulseiras.
A grande maioria nem sabia o que significavam as cores.
“A proibição vai causar maior curiosidade. Para as crianças, não passa de uma brincadeira, elas não entendem a conotação do ato. Os pais precisam conversar para explicar que isso pode ser um ato de desrespeito com o próprio corpo”. Explica-se que a partir dos 8 anos as crianças começam a diferenciar o masculino do feminino e a mostrar sentimento pelos colegas. Por isso alguns chamam um amigo de namorado, ou namorada, sem sequer trocar um beijo. O namoro nessa idade consiste em tomar o lanche juntos, por exemplo. Eles estão desenvolvendo o gostar, o diferenciar os sexos. Mas ainda não têm noção do que é desejo sexual, o que vão desenvolver somente na adolescência. No entanto, mesmo para adolescentes essa orientação sobre respeito ao corpo deve partir dos pais, que com calma precisam estabelecer os limites, determinado com diálogo.


Código das cores
Confira os significados das cores das pulseiras:
> Amarela – abraço
> Rosa – mostrar o peito
> Laranja – dentadinha de amor
> Roxa – beijo com a língua, talvez sexo
> Vermelha – dança erótica
> Verde – chupões no pescoço
> Branca – a menina escolhe o que quer
> Azul – sexo oral a ser praticado pela menina
> Preta – fazer sexo com quem arrancar a pulseira
> Dourado – fazer todos os citados acima